quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Boas Festas e um 2016 no devagar depressa do tempo



Mudança: substantivo feminino, modificação do estado de algo. Mudar: verbo transitivo direto e intransitivo e pronominal, fazer ou sofrer modificação; modificar(-se), alterar(-se).
O ano começa com as incógnitas sobre o 2015 e termina com as incógnitas sobre 2016.
Como parece que 365 dias não foram suficientes para que as mudanças acontecessem, para eliminarmos as incógnitas. Fica sempre a sensação de que nada mudou, que a vida vem se repetindo. Me da a sensação de estarmos parados.

Sentado a frente do notebook, olhando pela janela o tempo a se gastar enquanto as nuvens custavam a se movimentar, fiquei pensando por que não sentimos o movimento da terra.
Será que realmente não percebemos ou essa maldita labirintite é fruto dessa rotação ou translação?
Aprendemos nos idos de colégio que a inércia é a responsável por essa sensação e ainda nas teorias administrativas que a melhoria contínua passa quase que despercebida ao contrario da reengenharia que é sentida de imediato.
Na verdade as coisas vão acontecendo em movimentos contínuos e ficamos inertes sentindo o efeito dos acontecimentos que muitas vezes levam anos pra nos impactar ou pra que possamos perceber que eles nos impactaram. A pausa nesse movimento,   magistralmente observada por Drumond, é denominada final de final de ano. E normalmente é nela que acontece o rito sumario da retrospectiva.
Eu venho cansando de falar em crise, e de me propor orgulhoso um novo comportamento pro ano que vem. Confesso que após viver um bom volume de finais de ano, tenho feito a retrospectiva quase que a cada dia, ao perder um amigo querido (cada vez mais da minha idade), ao  contar o numero de remédio que passei a tomar, ao perceber que já não dou conta das madrugadas como outrora.
Tenho olhado mais devagar para o movimento continuo da terra, vejo que as vezes é necessário que ela dê muitas voltas em rotação ou em translação pra que as coisas aconteçam. Em um mundo com milhares de anos me parece que cobrar resultados de apenas um ano é exigir demais pra quem vive na inércia que é a vida.
Observei minha filha com seus 18 anos começar a se mandar por um mundo em sua primeira viajem solitária a procura de suas respostas e a vi retornar talvez mais em dúvida, como pede a vida. Vi o amigo Gilberto se despedir de seus ideais indo a procura de suas resposta em outro plano. Cumpri a promessa de ver o Gilmour tocando ao vivo, aos vivos, mesmo quando pra falar a verdade eu já não acreditava mais nisso. Me vi como sempre rodeado dos meus verdadeiros amigos e por incrível que pareça, ainda me parecem ser os mesmos.

A coisa é tão maluca que nessa brincadeira de fazer uma retrospectiva por ano, lá se vão 49 e me sigo aqui imaginando como será a quinquagésima.


Desejo a você boas festas e que em 2016 você possa olhar pela janela desse avião chamado vida, e perceber ela te impactando enquanto se movimenta para o lado que ela quiser te levar, pois como diria Guimarães "As coisas mudam no devagar depressa dos tempos".


Dráusio

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

22 centavos - Subterrâneos


Subterrâneos

(Paulo Netho/Dráusio)


Não me leve a mal
Pelo que agora vou dizer
Eu tenho notado
Que o subterrâneo das coisas
São mais atraentes
Que suas formas
E conteúdos banais

Nada é perdido
Se há razão pra se achar
Você quer ser diferente
Sem sair do lugar
Nada é perdido
Se há razão pra se achar
Você quer ser diferente
Com gestos e frases
Iguais


sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

21 centavos - Nótula


Um pequeno comentário baseado em Ilusões de Richard Bach.

Nótula

(Drausio)

Escuta um pouquinho
eu estou por aqui
longe de você
a pensar no que me disse

paixão pelo espírito
não tem nada a ver
esse papo é furado
só deu certo na tv

más quando eu peço um beijo
você logo me diz
que amor não é matéria
que você quer ser feliz
ou quando eu te digo
que desejo o seu corpo
a mesma resposta um bis
Eu levo a minha vida

a criar ilusões
motivos para luta
alimento as emoções

se realizei bastante
é porque sonhei demais
ninguém vive amanhã
sem viver oras atrás

Não para o corpo
e roda a mente
não para a mente
e roda o corpo
a Terra roda
em volta de si
e a lua roda
a sua volta
tudo em volta
de um astro
um rei maior

A vida é o caderno do poeta
onde o poeta escreve seus desejos
tudo pode ser realidade
ou ilusão se você assim quiser

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

20 centavos - Essa Menina

A história dessa menina (hoje essa senhora) eu não me canso de contar. Não sei porque motivo estávamos Eu, Paulo Netho e ConCon na casa do Tico. Sei que tinha mais pessoas por lá e que o tico tinha ido viajar e nós não. Mas não sei porque raios estávamos na casa de um amigo que tinha ido viajar. Na cozinha ficamos eu e Paulo Netho tentando fazer uma música. O Paulo andava encantado por uma menina que era macrobiótica e imagina se ele não queria colocar isso na letra da música. Eu argumentava que era difícil cantar essa palavra, que ela ficava fora da métrica da música, etc. etc. E a letra foi saindo e conseguimos  concluir sem colocar a bendita palavra.
Ainda em tempo lembro que a ConCon contribuiu com alguma parte na letra mas não me lembro qual (ela vai ficar brava comigo pois sempre que eu a encontro ela fala: Eu participei dessa música ... rs).

Essa Menina

(Paulo Netho/Dráusio)


Ela é bonita
Eu gosta tanto dela
Tem um ar de ser donzela

Ela é sacana
Eu gosto tanto dela
Tem um ar de ser bacana

Me tira do juízo
Falando coisas assim por falar
Ah! Essa menina tem ...

Me dado tanto querer
Eu não consigo entender
Ah! Essa menina tem ...

Ela é bonita
Eu gosta tanto dela
Tem um ar de ser donzela

Ela é sacana
Eu gosto tanto dela
Tem um ar de ser bacana

Me deixa todo sem jeito
Falando coisas assim por falar
Ah! Essa menina tem ...

Me dado tanto querer
Eu não consigo entender
Ah! Essa menina tem ...

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

19 centavos - Raio de Sol


Raio de Sol

(Fatima/Dráusio)


Vazado

o raio de sol

Clareia

o lado de lá

Chegando

rebate no topo e volta

Mostrando

tudo que sentiu

Agindo,

partindo ao final

Deixando

que brote do fundo e cresça

Aqui

é claro

então!



terça-feira, 10 de novembro de 2015

18 centavos - Patinho Feio

Certa vez acabei enfiando o fusquinha da minha mãe embaixo do caminhão de melancia. Foi o final da carreira do Horácio. Embora tenha sobrevivido, sai um pouco estragado de dentro das ferragens. Ao me ver no espelho tive a inspiração de fazer a música.

Patinho Feio

(Dráusio)

Quando eu te vi era feio
Maior ator
Assim como o Cristo Redentor
Braços abertos pro sol
Jubas como um leão
Cantor de boate
Quem sabe a primeira paixão

Quando eu te quis era feio
Rapaz sem paz
Pais indicado por timidez
Revólver sem bala sem dor
Escravo da sua beleza
Vazio sem seu amor

E hoje quando és luz
Flutuas em versos meus
E fecha os meus braços nos teus
Se sou leão sou fogo
Mas por ti eu me derreto
És dona do meu amor

E hoje que a tenho
Comigo
Sou lindo, bonito
Vagando no seu caminho
Trajando do seu carinho
Me sinto feliz


domingo, 1 de novembro de 2015

17 centavos - Utopia


Utopia

(Douglas/Drausio)


Só me entrego ao otimismo
Pelo prazer a utopia
Sei que amanhã diremos de hoje
Nós já tivemos melhores dias

Minha mente indolente
Me permitiu acreditar
Nos mais velhos que diziam
Que o mundo de repente ia se acabar

Trocamos as arvores por antenas
A exemplo dos pardais
É claro que amanhã só voaremos
Não pousaremos nunca mais

Só me entrego ao otimismo
Pelo prazer a utopia
Sei que amanhã diremos de hoje
Nós já tivemos melhores dias

Minha mente indolente
Me permitiu acreditar
Nos mais velhos que diziam
Que o mundo de repente ia se acabar

O Mundo acaba lentamente
E o medo está dentro de nós
Eu sempre encontro um passatempo
No sangue dos jornais

 

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

16 centavos - Dobradinha


Em 1985 eu trabalhava no Unibanco e tinha um colega fissurado na Claudia Raia. Quando em setembro sai a Playboy com com a Claudia peladinha. Esse meu amigo ficou desesperado mas na época a revista era cara para reles digitadores. Foi quando o amigo teve a brilhante ideia de fazer uma vaquinha para adquirir precioso desejo. Porém como era fim de mês não conseguiu encontrar patrocinadores para sua "cartase", puto da vida, teve que esperar o dia do pagamento para então conseguir seu exemplar. Não foi de estranhar que chegou com a revista escondida sobre a camiseta e não deixou ninguém ver o seu tesouro. Tal situação foi a inspiração para Dobradinha.

Dobradinha  

(Douglas/Dráusio)

Ter você 
Em uma nova forma 
Uma versão de bolso
Qualquer coisa assim 
Pra andar comigo 
Toda dobradinha
Sem fazer volume
Só pra mim 

Oh, oh, oh!
Eu quero 
Quero ela no meu bolso 
Toda Dobradinha

Eu não suporto mais
Ver alguém te folhear
Tenho que ser o dono 
Do seu único exemplar
Não quero mais te ver
Em um fascículo semanal 
Sorrindo para mim 
De uma banca de jornal

Oh, oh, oh!
Eu quero 
Quero ela no meu bolso 
Toda Dobradinha


segunda-feira, 5 de outubro de 2015

15 centavos - Toda a Dúvida

Sabe aqueles dias em que nada da certo? Após um dia desses, voltando pra casa de um Rasgo Noturno, passei sob o viaduto Inês Collino que estava interditado. Chegando em casa fiquei pensando: que merda de dia, o pior é que nem da pra pular do viaduto! Dai surgiu a ideia ...



Toda a Dúvida

(Douglas/Dráusio)


Nessas horas tão solteiras
Sem ninguém pra me dizer besteiras
Sem ninguém pra me apaixonar

Sem revolver 
Sem veneno
Sem viaduto
Prá pular
Sem revolver
Sem veneno
Sem viaduto
Prá pular
Hoje sou toda a dúvida

Nessas horas nem me chama
Pra deitar na sua cama
To sozinho e mal acompanhado 

Sem revolver 
Sem veneno
Sem viaduto
Prá pular
Sem revolver
Sem veneno
Sem viaduto
Prá pular
Hoje sou toda a dúvida

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

14 centavos - T.E.D.

Inspirada em varias pessoas que conhecíamos, esta é mais uma nascida na reverendo 133. Foi desenvolvida em cima do tema que virou o nome: TED, o Terror das Empregadas Domesticas!


T.E.D.
(Douglas/Dráusio)

Ted o terrível
sempre foi auxiliar
de contabilidade
ou de contas a pagar
gasta o seu dinheiro
é mais que um grande otário
quer alcançar a moda
com mais um crediário

Mas Ted não tem crise
Ted é feliz
Ted esta de acordo 
com as normas do país

Ted o terrível 
nuca perde o pique 
tem mais que um bom programa
Ted tem um Maverick
paquera a cunhada
não sai da padaria
agarra a empregada
é o rei da baixaria

Mas Ted não tem crise
Ted é feliz
Ted esta de acordo 
com as normas do país

Ted o terrível 
tem muita opinião
sempre dá palpite
mas nunca solução
Ted Ted Ted
tá sempre de bobeira
ele quer ser bacana
a sua vida inteira

Mas Ted não tem crise
Ted é feliz
Ted esta de acordo 
com as normas do país

terça-feira, 8 de setembro de 2015

13 centavos - Rasgo Noturno

(Foto: Henrique  Suzuki)

Rasgo Noturno é um termo criado pelo Jorginho. Osasco sempre foi uma cidade dormitória e ao chegar o final de semana a turma toda se mandava pra São Paulo onde a noite fervia. Quem não tinha grana ou não queria dormir nas ruas de Sampa ficava por Osasco, normalmente indo curtir na Pedro Fioretti. O Jorge batizou esse role por Osasco como Rasgo Noturno. Na volta do Rasgo Noturno era comum ficarmos tocando e fazendo música até o raiar do dia, e em uma dessas voltas descrevemos o Rasgo Noturno.

Rasgo Noturno 

(Douglas/Dráusio)

São dez para as oito
Quem tem carro 
Quem tem grana 
Saiu pela noite
Prazer produzido
Saiu a comprar novidades 
Comprou seu programa 
Comprou sua menina
Comprou o que tinha vontade
Saiu pela noite
Prazer produzido 
Comprou toda mediocridade 

São dez para as oito
Quem tem carro 
Quem tem grana 
Saiu pela noite
Prazer produzido
Saiu a comprar novidades 
Comprou seu programa 
Comprou sua menina
Comprou o que tinha vontade
Saiu pela noite
Prazer produzido 
Vivendo da vaidade

Rasgo Noturno 
Vontade de tudo 
Período diurno 
Num céu todo escuro 
Rasgo noturno 
Volúpia vital
Podre sentido 
Inútil e banal

São dez para as oito 
E quem não tem grana 
Não vai muito longe daqui 
Foi dar umas bandas 
Num rasgo noturno
Tomou uma overdose de si



quarta-feira, 26 de agosto de 2015

12 centavos - Avenida Paulista

Inspirado no cenário rock dos 80, surgiu Avenida Paulista. Ainda não era nome de novela mas como sempre, inspirava os escritores. Esta é mais uma cria da Reverendo 133, e lembro que nesse dia passaram por lá um mundaréu de gente. Se estiver sendo injusto com alguém me avise mas que eu lembre esses são os autores.

Avenida Paulista
(Dráusio/Douglas/Paulo Netho/Eron Meira)

Homem de lata
Mistura de fineza
Hipocrisia
Muita Gravata e ironia

Nada aparece
Num rosto tão vazio
Disciplinados
Seres iguais vão lhe seguindo

Vestindo estátuas
Vão os paletós
Em passos rápidos
À apressar o tempo 

Feito presas fáceis 
De sua ambição
Transam com medo a emoção

Mas tudo acaba 
Depois que o nó desata
Ele não finge mais
Mas já esqueceu como seria



sábado, 15 de agosto de 2015

11 centavos - Samba

Um daqueles finais de relacionamento onde a dúvida é constante mas como tudo nesse pais acaba em Samba. Essa música também ficou conhecida como "Chega".

Samba
(Dráusio)


Chega
não quero mais os seus beijos
Chega
de alimentar seus desejos
Gritos
deixe que eu xingue a mim mesmo
Pingo 
chorar por ti não compensa

Só fui feliz
até te ter
te amei de mais
não sei pra que 

Pro nada
eu não te nego uma chance
Pra já 
quem sabe um novo romance

Quem sabe um daqueles
no pique da Globo
passeios na fonte
beijos na chuva

Que lave o passado 
me roube esse medo 
bem mais do que grande
que venha atiçar meu desejo de tela 

Chega 
não quero mais seu segredo 
Chega 
vou fazer um samba enredo 


quarta-feira, 5 de agosto de 2015

10 centavos - Paixão

As vezes é necessário um titulo que explique o que se escreve, ou de um texto que explique o título?

Paixão

(Dráusio)

Lento 
Volto a tona
Deslizo 
Quase não caio
Distraio
Sem me conter
Confesso
Só pode ser
Canto sim
Bem sei 
Te ler
Eu vivo

quarta-feira, 29 de julho de 2015

09 centavos - Sol da Noite

Admirando a força que o Sol tem quando se esconde na época em que trabalhava pelos bares da vida.


Sol da Noite 

(Dráusio)


Luz
Tanto sonho 
Carregando o sono
Vida que vai
Pela noite
Com meu bando 

Vagando em copo
O bar cidade
Ébrio em pessoas
Luz do sol

Cor na vida
No meio da rua
Vem 
Luz seduz
Nos conduz
Sol da Noite

Sol existe 
No brilho da lua
Sol fagulha
Aquece a canção

Na boca da Noite
Começo do dia 
Vem 
Sol poesia
Sol da Noite
Sol você
Magia


quarta-feira, 22 de julho de 2015

08 centavos - Talo de Capim

Talo de Capim

(Eron Meira/Dráusio)


Aonde você tava?
Aonde você tava?
Eu não tô nem ai

Mas sei que você tava
Mas sei que você tem 
Transado por ai

É que você tem 
Preso no chinelo
Um talo de capim
Eu já vi

Aonde você tava?
Aonde você tava?
Eu não vou distrair

Vê se trás uma desculpa
Dessas que nunca usou
Esse papo é antigo
Você nunca me enganou

Eu vinha do trabalho 
Tive que cortar caminho
Desde quando eu sai 
Confesso que estou sozinho

Desculpe meu amor
Eu não quis desconfiar
É que a falta de você
Me fez imaginar

sexta-feira, 3 de julho de 2015

07 centavos - Longe ...

Conheci o Paulo Netho lá pelos oitenta e não sei quanto. Num dia estava acho que no Sentinela (Espaço do Carlos Marx), nos encontramos e fomos comer um cachorro quente na porta do Clube Atlético. Eu iria para Puruba (uma praia em Ubatuba) no dia seguinte e o Paulo me presenteou com o seu Livro Feijão Arroz e Poesia, recém lançado em 1983. Em Puruba entre uma ressaca e outra estava lendo o livro e tinha mania de pegar o violão e ir lendo e tocando quando me deparei com o poema. A música foi saindo como se já estivesse lá e assim aconteceu a primeira parceria com o Paulo abrindo a porta pra outras que vieram e virão. Realmente foi o "Instante um de muitos outros".


Instante um de muitos outros (Longe)
(Poesia de Paulo Netho/Música de Drausio)


Longe 
Entre uma frase e outra
Entre o verbo estar
E querer amar

Longe
É muito perto 
E as vezes é distante
Do afeto

Longe 
É uma canção que existe
Fazendo barulho 
No tempo

De repente
Vai no vento 
E volta 
No vento

Longe
É a solução do falso Lutador
E gigante é aquele 
Que vive como monge
E varre esse lugar
Que os fracos chamam 
Longe


terça-feira, 16 de junho de 2015

06 centavos - A Tio Nide em São Paulo

Esta música escrevi em admiração e respeito a um grande compositor baiano radicado em Osasco com quem tive a oportunidade de conviver e aprender tudo que sei sobre a MPB das antigas, Eron Meira.

A Tio Nide em São Paulo
(Drausio)

Vem de muito longe chegando a pé
Corre poeira na estrada percurso de fé
Dentro do seu alforje
Mirrado pedaço de carne seu moço

Conta uma história bonita
Inventa mentira que nunca foi dita
Enche alguém que se queixe
Taí pedaço de mim

Fecha o farol na cidade
Um novo percurso que nunca viu
É uma cidade bonita
Uma nova esperança pra mil

É uma cidade bonita
Cheia de assaltantes
Mas nunca se fecha quando alguém chega
A procura de uma lado qualquer

E essa pessoal estranha
Chega do meu lado e começa a tocar
Ela que vem de tão longe
Taí pedaço de mim

terça-feira, 9 de junho de 2015

05 centavos - Sonho de Ciranda

Esta saiu de um desafio no programa "É proibido colar" da TV Cultura que era apresentado pelo Antonio Fagundes e Clarice Abujamrra. Fomos participar pelo colégio PAPI e nos deram o desafio de fazer uma música com o primeiro verso que havia sido escrito por Celso Excel (de acordo com a produção do programa). Além do primeiro verso o ritmo definido para nossa equipe foi a valsa. Deu nisso:
 
Sonho de Ciranda
(Celso Excel/Drausio/Douglas)

A vida é uma ciranda
Todos juntos de mãos dadas
Ao som da minha banda
Na maior das gargalhadas

Sonho feito uma criança
Mentiras na sombra negra
Do seu dedo

Sonho torto
Silêncio na sombra
Rodopio o vento
Em paz
Me incomoda
E só quem viu palavras
Reconhece que já está demais

Espanta a magoa
Dentro da garganta
Explode o canto
Em tudo se trai
Se a luz vem da direita
É bem certo que pra esquerda vai


sábado, 16 de maio de 2015

04 centavos - Dizem de você


Dizem de você
(Drausio)

Dizem que você subiu no trem
Por esperar de alguém
Que como vaidade vai

Dizem que você pediu, pensou
Para dizer de alguém
Que como o trem também chegou

E dizem que você
Pensou para dizer
O que eu não sei
Mas as palavras doem

Só sei que vem de alguém
Pedindo pra dizer
O que dizem de você

Em cada sonho teu
Pensei em rir também
Mas a palavra bem
Não chega a alguém
Que como o trem também se foi

E dizem que você
Pensou para dizer
O que eu não sei
Mas as palavras doem

quarta-feira, 6 de maio de 2015

03 centavos - Um certo edfícil azul

Essa música foi composta na praia de Camburi divisa de SP e RJ. Olhando a beleza da praia espremida pela muralha da serra do mar o edifício da Dacon não saia da minha cabeça. A lembrança de passar todo dia na frente daquele edifício de concreto recoberto por vidro e de tom azulado inspirou essa "Construção do Fim", nome original da música que foi rebatizado pelo Charles Boavista ainda na década de oitenta.

Um certo edifício Azul
(Drausio)



Mata verde
Logo o sonho é marrom

Caem as árvores

Vem o cinza do concreto

De um certo Edifício Azul

Logo o que era de sapê

Se arma na cidade de concreto

Reluz pois ainda brilha na manhã

Aquele tal progresso

Diz que vive

Pois quem vive na cidade

Sabe o que passou

O que bonito

O que é progresso

O que arma na manhã

Quando é azul

Vermelho e amarelo

Desfilam pelo céu

À procura de uma nuvem branca

Que se perdeu na madrugada

Quando a lua prateada

Ainda andava pelo céu


Nascem as folhas

Quebra o mar na praia

Choram pela velha vida

Esperam do amanhã

Virá?

sábado, 25 de abril de 2015

02 centavos - Menina do Poeta

Inspirado por romances por carta surgiu essa música. Costumo dizer que hoje é uma Menina que virou senhora.

Menina do Poeta

(Drausio)

Enche a cabeça e o copo
De um líquido
Distorce palavra e ação
Deslize a navalha na face
E trace entre linhas a bela canção
O rosto macio a pele
Cabelos até o coração
Beleza nos olhos do poeta
Palavras passadas ao papel
A sua presença em carta
Aumenta a saudade
Meu sonho
Meu véu

A linha ondulante bordando sua face
Cortando vestindo seu rosto ao meu
O que fazes da vida, mendigas palavras
O que diz o poeta ao papel
Rouba na mente a certeza e a gente
Detalhas tudo que faz

Me intrica no sonho e no sono
Me envolve de forma
De quem já foi mais
Me encanta e ja neste canto
Me calo no entanto
Palavras atrás
Discorda do que já me disse
Existe silêncio entre nós
Relíquias num trago
Num traço
Indago, desfaço
Te gosto demais

Alinho a tristeza diante as estrelas
Te tomo, te trago na sua grandeza
O que fazes da vida, mendigas palavras
O que diz o poeta ao papel
Rouba na mente a certeza da gente
Me engole em tudo que faz




domingo, 12 de abril de 2015

01 centavo - História do Xúúúú!

Meu pai contava essa História quando éramos criança e um dia na Reverendo 133 eu e o Douglas resolvemos fazer esta música recontando essa História. A brincadeira rendeu o primeiro lugar no festival do Ceneart na década de 80, não lembro bem se 81 ou 82, na época com a Banda Trocadilho antecessora ao Subtotal.

História do Xú
(Douglas/Dráusio)

"Adiscendo" a ribanceira 
La perto da minha casa
Tropiquei naco de ferro
Me "alumiô" a ideia
Vou fazer uma bicicleta.

Acontece que esse ferro 
Não tinha nem qualidade
Não saiu a bicicleta
Era podre de verdade
Eu então mudei meus planos
Vou fazer uns três pianos

Acontece que esse ferro
Era um ferro fajuto
"Acheguei" perto do fogo
Não durou nenhum minuto
"Dantanhei" a rapadura
Vou fazer uma ferradura

Esse ferro era pouquinho
Não deu nem pra ferradura
Mas seu moço eu não me entrego
Eu agora faço um prego

Eita  ferrinho danado
Tem "catiça" de urubu
Como já to "perriado"
Eu agora faço um Xú

Lá no fim da ribanceira
Tem o rio caruru
Dei com o ferro quente n'agua
E o danado então fez Xúúúúú






terça-feira, 31 de março de 2015

50 centavos





A muito tempo, teve um cara que disse que eu não valia a roupa que eu vestia. Naquela época eu andava de roupa de saco e calça jeans surrada das mais vagabundas e com um bom e velho bamba.

Hoje continuo não valendo a roupa que visto mas com o passar dos anos confesso que tirei um pouco o pé da jaca. 

Acredito que daqui a pouco deva valer ao menos 50 centavos e sendo assim resolvi postar de hoje até o dia 15/08/2016, cinquenta letras de músicas que fiz em homenagem aos meus cinquenta. 

Aqui vai ter de tudo: poesia de amigos que musiquei, letras em parceria e próprias.

Tentarei dar uma certa cronologia, se a memória ajudar.

Aguardem pelo primeiro centavo.

Dráusio

PS. Como hoje em dia tudo pra ficar chique tem que ser projeto, taí o nome: Projeto Cinquenta Centavos. (Dimas me desculpe mas não resiste de usar o PS).



domingo, 15 de março de 2015

Cuidado para não ser conduzido pela serpente!




A você que esta indo ou foi as manifestações dos últimos tempos, a favor ou contra sei lá o que,  gostaria de fazer uma observação ou melhor uma sugestão. 

Vejo as manifestações e não consigo entender o real motivo das mesmas, mas se os motivos publicados são os reais acredito que estamos errando o foco. 

Independente das falcatruas atuais da Eva ou das do passado do Adão, não deveríamos focar na serpente?

Como convivo num mundo mais técnico normalmente me preocupo mais com o conceito do que com as pontualidades. A qualidade total nos trouxe a máxima: “Não culpe as pessoas, culpe o sistema”. Gosto muito dessa máxima e vejo-a cair como uma roupa para o momento político.

Popularmente esse princípio diz que se ficarmos batendo nas pessoas pra que elas façam a coisa correta, elas a farão. Porém se paramos de cobrar ou se trocarmos as pessoas  o problema retornará uma vez que tudo foi baseado nas pessoas. A proposta é corrigir o sistema de forma a não permitir mais que as pessoas possam errar. Algo parecido com o “Porque o cachorro entra na igreja?”.

Considere os três poderes e pense o que você realmente quer mudar?

Reclamamos de corrupção e todos os dias ouço que nunca se roubou tanto nesse país. Eu desconheço alguma estatística sobre isso. Existe um DataRoubo? Rouba-se, hoje, mais do que quando os Portugueses saquearam as riquezas naturais do país? E me pergunto será que estamos realmente atacando a causa? Será que estamos fechando a porta da igreja ou será que estamos sendo manobrados por Adão e Eva ou pior ainda pela Serpente? 

No Brasil temos milhares de processos que demoram anos e anos para serem julgados por um judiciário lento e nem tanto honesto (veja caso Eike, você quer acabar com o juiz que anda de carro importado do réu, ou ainda com os Lalaus que ainda devem existir por traz das togas?). Más a resposta do judiciário é sempre a mesma, a lei (criada pelo legislativo) é complexa e não conseguimos novos juízes, pois o ensino (administrado pelo executivo) é ruim. Ou seja, o judiciário não tem culpa.

Se formos verificar porque ninguém faz nada pela saúde ou pela educação ficamos mais malucos ainda. Se a obrigação é do governo federal ele vai dizer que fez o repasse, se é do governo estadual vai dizer que a verba que recebe é pouca, se é do municipal piorou. Ou seja, a cadeia de arrecadação e distribuição faz com que o dinheiro ande, ande e suma no meio do caminho. Os governos não se fiscalizam e ainda repassam a responsabilidade a terceiros (Abastecimento de água, Telefonias, Transportes, etc.)  criando agencias ridículas que a única coisa que fazem é de vez em quando  multar uma empresa aqui outra ali. Pergunto: Você já recebeu algum valor dessas multas? Pra onde vai esse dinheiro? Aquele que é lesado fica vendo o governo/agencias arrecadar mais e continua chupando o dedo. Não era melhor deixar o judiciário cuidar disso?  O judiciário...

E assim vamos elegendo vereadores, deputados e senadores na esperança que esses criem mais leis para o bem do povo. Poxa mais já não temos um “mundarel”  de leis que o judiciário não consegue julgar? Pra que precisamos de legislativo? Pra fazer CPI? CPI para julgar? Mas julgar não era função do Judiciário? O que esse povo faz nas câmaras, assembleias e senado? Ficam definindo o próprio salário? Pô no mundo o salário é definido pelo mercado, e se o mercado é o povo porque não ganham baseado na mesma regra que nós?
E assim ficamos com um bando que fazem as leis pra dificultar o judiciário na avaliação do que o executivo faz. 
Ou seja, ou fechamos a porta ou então viveremos na rua fazendo manifestações a favor ou contra o que nem sabemos o que é.
Que tal fazer um Kaizen para tentar resolver onde atacar?
Eu já fiz o meu e tenho algumas propostas pra brigar nas próximas manifestações:

- Simplificação do judiciário
O Judiciário que condenou o mensalão é o mesmo que diz que o Maluf e o Collor não têm culpa. E se o Collor não teve culpa, porque o Legislativo o tirou do poder sem esperar pela conclusão do Judiciário? Porque foi tão rápido? Porque pessoas esperam a vida toda por uma resposta do judiciário que não vem?

- Arrecadação no município com repasse para o estado e para o governo federal.
Que o município arrecade os impostos, em um sistema simplificado, repassando ao Estado que faz o repasse ao Governo Federal. Que o Governo federal fiscalize os estados que fiscalizaram os municípios.
Quanto do seu imposto fica com o município, com o estado e com o governo federal? Você sabe? De quem deveremos cobrar? Vamos acabar com os repasses de cima pra baixo, esses devem existir apenas para que o governo cumpra com uma de suas obrigações primarias que é a distribuição de renda. 
Que os municípios sejam responsáveis por tudo que for de uso direto ao cidadão.  

- Atrelar cargos públicos ao salário mínimo.
Que o salário dos colaboradores e controladores dos três poderes seja definido em numero de salários mínimos. Dessa forma não seria necessário aprovar salario de ninguém bastava determinar o novo mínimo e estaria tudo resolvido.

- A pessoa não pode ser eleita mais de duas vezes seguidas. Um partido não pode ser eleito mais do que três vezes seguidas.
Se todo mundo reclama que o PT esta no poder a 16 anos, que o PSDB esta a muito mais no estado de SP, porque não limitar a reeleição de um determinado partido? Porque não proibir que uma pessoa que já governou  não governe por anos e anos seguidos? E o modelo seria aplicado a todos os níveis do Executivo, do Legislativo e também para o Judiciário. Ninguém mais seria eterno, nem partido nem político. 

-  Por um legislativo que simplifique a lei.
Que o legislativo deixe de fazer a função de outros poderes e passe a focar no principal, criar leis com mais simples e que não sejam recheadas de brechas jurídicas que arrastam processos por anos e anos. Por uma definição clara de quem legisla sobre o que, de quem é a responsabilidade? Do vereador? Do Deputado Estadual, federal? Senador?  Sobra tempo em todas as esferas mas não há tempo para as reformas e leis realmente necessárias. Vamos deixar de lado o dia do Corinthians e os nomes das praças e das ruas. Deixe a população escolher qual o nome quer para suas áreas. Vão-se os mandatos e nada é feito de importante e ficamos com um monte de lei aguardando uma lei complementar que nunca é votada. Vamos por esse povo pra trabalhar, e que sejam todos os dias da semana com uma carga mínima. E que se o numero de faltas seja maior que um mínimo estipulado esses possam ser despedidos por justa causa. Vamos definir um PLR para o político baseado na produtividade. 

- Por uma reforma política que acabe com as doações para campanha.
Porque as campanhas políticas não são iguais, realizadas com a mesma verba? De uma forma ou de outra pagamos a conta no final, então porque não assumimos o custo das campanhas? Se quiserem negociar, que negociem com a população.

Sei que minhas propostas parecem Utópicas, mas como já dissemos no passado em letra da Subtotal,  continuo otimista pelo prazer a utopia.

Dráusio