Quando as coisas estão apertadas resta-nos apertar o cinto,
ao menos é o que recomenda a prudência. Imagina você ralando o tempo todo
tentando equilibrar as contas e nesta época de Natal quando louvamos ao Deus
Consumo nos deparamos com ofertas, com desejos e vontades em promoção ou ainda
com a menor parcela cintilando tal qual estrela de Belém bem a nossa frente. E
ficamos na dúvida entre segui-la ou nos prender ao nosso senso e contido,
deixar que a estrela siga seu caminho iluminando o caminho dos mais abonados ou
dos menos prudentes.
Lembro que quando queria comprar uma coisa e a grana estava
curta, conversava com a minha vó. Ela tinha a receita certa para acalantar
nossos corações. Ela entrava em uma serie de questionamentos que no final não
me deixava com dúvida. Dizia: Quem é que acorda todo dia as 5:00hs, quem é que
trabalha de fim de semana, de feriado, quem é que trabalha desde menino ... E
com isso lá ia eu correndo atrás da Estrela, não de Belém, mas da loja mais
perto.
O homem tem uma mania de acumular riqueza. É uma vontade de
ter mais do que necessita sempre com o pensamento na incerteza que o futuro
traz. Sendo isso uma desculpa ou não, tem um enorme prazer em conquista-la e
exibi-la como troféu. Nos últimos anos muitos dos que conheço acabaram
diminuindo suas poupanças em função das crises. Muitos se sentindo mais leve
por perder o peso que a gordura poupada lhe trazia, outros desesperados ao ver
que tudo que pouparam não foi o suficiente para suprir as necessidades da
imprevisível vida, que sempre nos prega uma peça.
Esse tal 2014 foi o ano de gastar tudo o que tínhamos.
Gastamos nossas esperanças poupadas em anos de preparação dos estádios e pontes
(inacabadas), com uma seleção recheada de técnicos campeões, que traria a
desforra ganhando a esperada Copa em Casa. Seria mais uma pra quem já tem cinco
na conta. Pois é perdemos bem mais do que queríamos ganhar, perdemos um jogo,
perdemos a soberba, perdemos o ponto mais alto do pedestal, perdermos. Não
bastasse a Copa perdemos de vez a esperança nos políticos. Os políticos das
manobras, dos trens, do petróleo, nos mensalões de todas as regiões. Perdemos o
estoque de credibilidade dos que julgam, dos que legislam e dos que executam
decidindo os seus reajustes, os seus empréstimos e os nossos benefícios. Gastamos até a ultima gota do nosso estoque
de água e derramamos o dinheiro pelos dutos.
Como todo ano que se vai esse nos assustou com doenças,
acidentes e levou consigo amigos queridos, poetas, cantores, artistas
respeitados, gente que gostamos e admiramos.
Realmente de uma forma ou de outra terminamos 2014 raspando
o fundo do tacho. Mas não é sempre assim? Será que às vezes a água não precisa
baixar para que a boia dispare o reabastecimento?
Então se é assim vamos embora pra 2015 e que ele reabasteça
sua dispensa com saúde e felicidade. Tá bom... que você consiga ganhar bastante
dinheiro e poupar para o futuro sem esquecer de quem é que acorda cedo, trabalha
desde de pequeno, estuda nos fins de semana, ...
Feliz 2015