Conheci o Paulo Netho lá pelos oitenta e não sei quanto. Num dia estava acho que no Sentinela (Espaço do Carlos Marx), nos encontramos e fomos comer um cachorro quente na porta do Clube Atlético. Eu iria para Puruba (uma praia em Ubatuba) no dia seguinte e o Paulo me presenteou com o seu Livro Feijão Arroz e Poesia, recém lançado em 1983. Em Puruba entre uma ressaca e outra estava lendo o livro e tinha mania de pegar o violão e ir lendo e tocando quando me deparei com o poema. A música foi saindo como se já estivesse lá e assim aconteceu a primeira parceria com o Paulo abrindo a porta pra outras que vieram e virão. Realmente foi o "Instante um de muitos outros".
Instante um de muitos outros (Longe)
(Poesia de Paulo Netho/Música de Drausio)
Longe
Entre uma frase e outra
Entre o verbo estar
E querer amar
Longe
É muito perto
E as vezes é distante
Do afeto
Longe
É uma canção que existe
Fazendo barulho
No tempo
De repente
Vai no vento
E volta
No vento
Longe
É a solução do falso Lutador
E gigante é aquele
Que vive como monge
E varre esse lugar
Que os fracos chamam
Longe